quinta-feira, 8 de outubro de 2009

“LONGE É UM LUGA QUE NÃO EXISTE”

     MUITAS DAS VEZES ME SINTO LONGE!!                  

O PORTAL
Muitas das vezes somos pego de surpresa não temos tempo nem dizer adeus, abri uma
Cratera dentro da gente sem fim, a única coisa que pensamos é por que DEUS fez isso
Com a gente? Por quê?
Porque temos que passa por momento tão frio, é o único portal que abre em questão de segundos e fecha simplesmente, então olhamos para aquele corpo sem alma, apenas
Choramos ate soluça e ouvimos dos visitantes de corpo gelado, que a vida é assim
Mesmo! Mais que vida?  Se ele esta morto! Ele apenas responde, não temos resposta
Para este momento tão triste. Lamento!
Depois de três perdas muito dolorosas, sem despedidas e piedade do nosso DEUS.
Volta e meia abre um clarão como se desfolha-se o livro da minha vida que me faz viajar
Ao passado em busca de algo, me deixa atordoado como se estivesse sofrido um blecaute
E quando a carga retorna, estou com a mão na alta tensão.   
Já faz quarenta anos que meu avô passou pelo portal sem volta e não me esqueço da sua fisionomia serena que sempre estava pronto para me aconselhar, consolar e leva para passeia. Tinha 10 anos tudo que eu sabia na vida era que eu não sabia de nada, e que tinha perdido o meu avô Cabedelo.
Já o meu pai o nosso contato era muito pouco por que ele trabalhava desde a década de cinqüenta, trabalhando de marinheiro da marinha mercante, quando o navio atracava nos portos da região ele vinha-nos visita, mas passava no Maximo de dois a três dias e retornava para
O navio. Só voltava para casa seis meses depois quando tirava férias, assim passou quase dez anos, então ele decidiu fazer um curso para mudar de função concluiu o curso
Em primeiro lugar estávamos muito orgulhosos
Desta sua batalha que tinha vencido, mas infelizmente a batalha da vida ele perdeu.
Eu estava com dezoito anos e dois anos de convivo e aprendizado com o meu pai foram quando o portal abriu novamente e deixo mais um corpo para vela, éramos sete irmãos
E a nossa mãe e um vazio imenso que nosso pai deixou.
Cinco anos depois nasce o meu primeiro o filho.
Pois em pratica todo meu aprendizado para criar o Tiago e conviver com a diferença de
Um jovem ousado e cheio de sede de aprender muito humilde e sábio.
Durante meu quinze anos de trabalho no Unibanco, tiver tempo suficiente para viaja e conhecer todas as praias do estado do Rio e outros estados, com esta ferramenta na mão que é o tempo, o único trabalho que tive com Tiago foi de ensinar a PENSAR que ele
Recebeu de mente aberta, crio o seu mundo fez um belo círculo de amigos e viveu como
O mundo fosse acabar amanhã, viveu como o Fernão campelo gaivota queria sempre aperfeiçoar o seu vôo, que era belos vôos rasantes e longos, ele costumava-me dizer. “longe é um lugar que não existe tudo é possível” e chegou à porta da faculdade apesar de ter sido aprovado, mas infelizmente não foi esta porta que abril, e sim o portal que me segui.
Eu presencie a sua entrada e o ultimo suspiro foi dizer “eu não estou agüentando”
E o portal fechou não tiver tempo de agradece por sua existência.
Sem duvida “LONGE É UM LUGA QUE NÃO EXISTE”
E cinco anos depois chegou o meu neto que é uma bela criança chama-se Murilo catarino por parte do avô!!!
    
 Antoniocatarino.blogspot.com/   

  

Erotismo & preconceito



Domingo, dia 21/9, estarei no Rio, encerrando a Bienal do Livro 2009 no Espaço Mulheres e Ponto. Me pediram para falar sobre erotismo e literatura, de forma que lá vão algumas reflexões a respeito. Avant la lettre, claro, que meus leitores merecem.

Existe uma frase duma autora americana que define com precisão a diferença entre subjetividade masculina e feminina: “Os orgasmos de Lady Chaterley devem ser de D.H. Lawrence porque eu não sinto assim”. Ao estudar a representação do corpo nos poetas brasileiros, Affonso Romano de Sant’Anna observa que o corpo feminino ocupa grande parte do discurso, enquanto o corpo masculino é silenciado. E, reveladoramente, embora o corpo masculino esteja ausente, a voz que fala pela mulher é masculina. Uma constatação simples, mas de graves consequências.

Essa ausência do corpo masculino e presença do corpo feminino começam a ser explicadas pelo fato de que o homem sempre se considerou o sujeito do discurso, reservando à mulher a categoria de objeto. Como sujeito, ele se escamoteava, projetando sobre o corpo feminino os seus próprios fantasmas. Aí se porta como o ventríloquo: o corpo é do outro, mas a voz é sua. Mas a mulher transformada em objeto de análise também é o campo de exercício do poder masculino. Do romantismo em diante, a questão do desejo se torna mais diferenciada. Mas ela entra em um novo momento histórico com a grande liberação erótica dos anos 1960 e o surgimento de várias outras linguagens e posturas ideológicas realmente instaladas na modernidade, quando então a subjetividade do homem e a subjetividade da mulher definitivamente se diferenciam, perdendo a relação complementar sujeito/objeto.

As escritoras que surgiram após os anos 60 tiveram que levar adiante um duplo projeto caracterizado por uma literatura que fizesse a crítica do discurso masculino dominante e colocasse a sexualidade feminina como elemento fundamental para a construção da própria identidade. Até porque a experiência erótica leva à afirmação da subjetividade – ao sentido de poder e controle sobre o próprio destino. A criação do discurso erótico representa o reverso de uma moeda cuja face é a inscrição da mulher na literatura – não mais como objeto do masculino, numa relação de ventriloquismo literário (daí o sujeito que é pensado pela linguagem dominante), mas sujeito da ação enunciando sua própria fala.

No caso da mulher, considerando o controle social sobre seu corpo que ocorre através da história – a exemplo, veja-se a questão do aborto, da contracepção, o regime do casamento monogâmico, esteio do capitalismo –, a manifestação do erotismo é fundamental para a construção da própria subjetividade. Historicamente, se usasse o erotismo em seu discurso, a escritora transgredia a separação tácita existente entre esfera pública e privada, tornando-se ela própria “mulher pública” ou” prostituta” – a mulher pública por excelência – e quem que ousasse agir em público arriscava-se a ser identificada dessa forma, isto é, como tabu. Obviamente, o próprio ato de escrever constituiu, em determinado momento histórico, a transgressão feminina do espaço público.

Contudo, há apenas 20 anos, ao publicar 
O caderno rosa de Lori Lamby (1989), Hilda Hilst foi execrada publicamente, uma vez que, para muitos, transgrediu os limites do “pornográfico” – ligado ao grotesco, ao obsceno, sem valor literário – e do “erótico” – associado à realização estética. Na verdade, o caso Hilda foi exemplar e ilustrativo: quando a grande escritora decidiu esculhambar, variar, mudar o disco, chutar o pau da barraca, algo que qualquer um tem o direito de fazer, seja lá qual for a  razão – o preconceito ressurgiu inteirinho, novinho em folha, pulverizando décadas de transformações radicais, dos costumes à estética literária. O que significa que as coisas aparentam mudar rapidamente apenas na superfície, pois no âmbito da consciência profunda as transformações são lentíssimas, levam séculos para se completar - quando não se regride.

E ainda ocorre uma espécie de silêncio generalizado da crítica em relação ao discurso erótico da mulher, enquanto que o erotismo de autoria masculina é saudado com grandes elogios.

Mas o buraco é ainda mais embaixo: o fato é que o subdesenvolvimento da expressão linguística no que toca à libido transforma quase sempre em pornografia de luxo toda matéria erótica. Claro que muitos de nós, escritores, homens e mulheres, já conseguimos esboçar com ousadia e destemor o que algum dia escreveremos com naturalidade e 
com direito.

Porque antes ou simultaneamente é preciso conquistar outras liberdades: a colonização, a miséria, a injustiça e a desigualdade social também nos mutilam esteticamente. Pretender-se dono de uma linguagem erótica quando nem sequer se ganhou a soberania política é ilusão de garota imitando Beyoncé.

É preciso deixar claro: não se é obrigado a escrever uma literatura erótica como declarar Imposto de Renda ou renovar a carteira de motorista. O problema é quando chega a hora de escrever o tal trecho erótico, não sai, quer dizer, ou sai eufemístico, como se o sujeito estivesse escrevendo 
com luvas, ou sai pornografia grossa e burra (geralmente erotismo literário direto é pesado, indigesto, impúbere, sombrio, frenético, hoteleiro, adúltero, incestuoso, lúgubre, gerontológico, funéreo – conotações limítrofres entre sexo e morte, sexo e decepção), donde que a emoção do indizível passa e este resta indizível para sempre.

Por isso o verdadeiro erotismo – que nem todos distinguem da mera sexualidade – é inconcebível sem 
sutileza, naquele sentido de refinamento da linguagem no ponto exato em que deliciosamente nos toca e dá tesão. E em literatura, essa sutileza nasce do exercício natural de uma liberdade e de uma descompostura que correspondem, semanticamente, à eliminação dos tabus no plano cultural (e da escritura) e, sintaticamente, ao domínio técnico do ofício de escritor.

E isso vale para ambos, homens e mulheres.

-"São as circunstâncias que criam os escravos e que libertam os povos"