quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Como os cegos diferenciam as notas de dinheiro?

Como os cegos diferenciam as notas de dinheiro?
As cédulas de real apresentam diferenças perceptíveis
 No tato apenas quando estão novas. O Banco Central
 Deve adotar modelo estrangeiro para que os cegos
 Consigam identificar melhor os valores.
O braile não é uma opção viável
Laura Lopes












Real As notas apresentam apenas marcas de relevo
Em qualquer lugar do mundo é possível reconhecer
O valor das notas de dinheiro. Seja na Índia, na China
Ou nos Estados Unidos, e nem precisa saber a língua nativa,
Nem mesmo seralfabetizado. Só há uma exceção para essa regra:
Os deficientes audiovisuais. Como eles contam dinheiro? Aqui no
Brasil, as moedas da segunda família (a segunda geração de moedas de real)
Possuem tamanhos e espessuras diferentes, algumas são serrilhadas nas bordas,
Justamente para serem diferenciadas por meio do tato. Já as cédulas têm marcas
De relevo que se perdem com o uso. "Essas marcas são pouco perceptíveis,
Principalmente para os maisidosos. E, com o tempo, as notas vão perdendo o relevo",
Diz Regina Fátima Caldeira de Oliveira, deficiente visual e coordenadora da Revisão dos
Livros Braille da Fundação Dorina Nowill, de São Paulo. 






Euro Cada valor tem um tamanho diferente, obedecendo à regra
De quanto maior o valor, maior o tamanho. A nota também
Apresenta marcas táteis em relev
A primeira solução que vem à cabeça é a inserção de caracteres
Embraile nas notas. Essa, no entanto, é uma saída pouco útil:
O braile sairia com o desgaste das cédulas, assim como
Acontece com as marcas de relevo atuais. "Além disso,
O braile é lido por muitas pessoascegas, mas não por todas.
A gente não quer braile nas notas", afirma Regina, que
Participou de reuniões com o Banco Central e a Casa da Moeda 
Com entidades representativas dos deficientes visuais do país,
Para encontrar uma solução viável e prática para o problema.
O BC comunga a opinião da Fundação Dorina. Segundo João Sidne
Do chefe do departamento de Meio Circulante, "a tecnologia de impressão
Não tem sobrevida. Na terceira manipulação da nota, o braile já acaba".
Apesar da concordância, pouca gente sabe que o braile não é o melhor
Caminho a seguir. No dia 27 de outubro, a Ordem dos Advogados do Brasil
 (OAB) encaminhou um ofício à Casa da Moeda solicitando informações sobre a
 Viabilidade técnica para implantação desse sistema de leitura nas
Cédulas e moedas do país. A proposta, feita pelo conselheiro do
 Amazonas Edson de Oliveira, tem a melhor das boas intenções,
Em defesa dos direitos dos cegos, já que os mesmos não têm
Acesso à leitura das notas. Mas não funciona. "Há quem faça isso
 Para melhorar e ajudar, mas devia falar com pessoas que lidam
Com o problema diariamente e que podem ter a melhor proposta", diz Regina. 














Austrália As notas tem tamanhos diferentes e são reconhecidas
Por meio de um gabarito entre as propostas sugeridas nas
Reuniões entre as entidades e o governo, a que mais agrada
Regina é o modelo adotado na Austrália e nos países que fazem
Parte da União Europeia (e usam o euro). Lá, as notas possuem
 Tamanhos diferentes, crescendo à medida que o valor aumenta. 
O portador de deficiência visual recebe uma espécie de gabarito 
Que indica o valor da nota, em braile. Ao colocar a nota dentro desse
Gabarito, sua ponta vai cair sobre o valor correspondente a ela. Serve
Mais para quem ainda não decorou o tamanho das notas ou não está
 Acostumado àquela moeda. 










Canadá Além das notas terem furinhos arranjados de formas diferentes
Para cada valor (à dir.), um aparelhinho lê a nota e emite um sinal
Diferente para cada valor, por meio de voz, som ou vibração
Na opinião do BC, no entanto, o modelo canadense é que deve
 Vigorar no Brasil. Segundo o chefe do departamento de
 Meio Circulante do Banco Central, não é necessário mexer no
Design ou tamanho do dinheiro. "O Canadá insere nas notas uma
 Tinta invisível diferente para cada valor e distribui um aparelhinho
 Subsidado que reconhece o magnetismo da tinta e emite um sinal
 Para cada valor", afirma João Sidney. Trata-se de um aparelho pequeno,
Que pode ser levado no bolso e distribuído gratuitamente pelo
 Canadian National Institute for the Blind. Sobre o gabarito, adotado
 Pelos australianos e europeus, Sidney diz que não é a melhor solução e,
Como o reconhecimento é feito pelo tato, pode levar a erros de interpretação.
"Eu apostaria nessatecnologia sonora", diz. Só não se sabe quando ela entrará em vigor.
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